Review Espresso | Tenmaku Cinema

Dentro dos mais diversos manuais de escrita vemos sempre uma regra: Mostre, não diga. Ou, em inglês como é mais conhecido, show, don’t tell. Essa regra diz respeito a como tratar, principalmente, seus personagens. Caso você queira mostrar que um personagem é do mal, não basta fazer outro cara dizer que o personagem fez um genocídio. É preciso mostrar o vilão fazendo coisas. Isso cria uma dinâmica em que o leitor acredita que o personagem é mal de uma forma muito mais crível.

Mas, porque comecei uma resenha de um mangá falando justamente sobre essa regra? É por que personagens dentro de Tenmaku Cinema têm suas características faladas ao invés de mostradas? Não, mas quase…

Em Tenmaku Cinema, acompanhamos Hajime Shinichi, um garoto que, devido a uma época que ficou hospitalizado sem poder fazer nada além de assistir filmes, adquiriu um gosto por cinema e “uma mentalidade crítica” sobre os filmes que vê. As aspas foram usadas porque, logo nas primeiras páginas, vemos que ele é um grandíssimo de um emocionado. Além disso, o mangá não ajuda muito quando tudo o que vemos do personagem criticando obras são coisas vagas como “a atuação do protagonista foi fraca”, “alguns diálogos foram muito longos” e coisas assim.

E aqui entra a regra que mencionei acima.

No decorrer do capítulo, vemos mais momentos assim, nos quais Hajime faz comentários genéricos sobre obras fictícias, mas nunca podemos vê-las de verdade para deduzir/entender se realmente são histórias interessantes ou não. Se isso continuar, pode tirar a imersão de alguém que busca comentários mais centrados.

Porém, a história não é só sobre Hajime. É também sobre Tenmaku, um fantasma de um garoto de 18 anos que possui a mão direita de Hajime e se mostra para o garoto como um roteirista prodígio, que fez histórias com um dos maiores diretores do Japão e que, agora, depois de morto, quer criar o roteiro que tinha em sua mente, mas não conseguiu botá-lo em prática enquanto vivo. E neste clima de Hikaru no Go começamos a história.

Apesar das reclamações acima mencionadas, o mangá tem um potencial interessante, com uma arte bem feita e um design de personagens estupendo, com destaque, claro, para Tenmaku. Além disso, logo neste capítulo, criou-se brechas para possíveis mistérios envolvendo o fantasma e o fato dele não ser conhecido.

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