O Guia da Shonen Jump para Fazer Mangá – Kohei Horikoshi

No dia 18 de Outubro deste ano, foi publicado o livro “The Shonen Jump Guide to Making Manga” (O Guia da Shonen Jump para Fazer Mangá, em tradução livre). Em uma determinada seção do livro, 16 mangakás foram entrevistados para falar sobre como é seu processo criativo. Estaremos trazendo, aos poucos, todas as entrevistas.

A entrevista a seguir foi feita com Kohei Horikoshi, autor de Boku no Hero


Qual conhecimento teria te beneficiado quando você começou sua carreira como mangaká?

Saber sobre perspectiva [na arte] e emoções humanas.

Qual foi a primeira coisa que você fez depois de decidir ser um mangaká? (ex: praticar, criar estratégias, etc)? E/ou, você tem um método eficiente para praticar?

Eu comecei lendo vários one-shots na Akamaru Jump e primeiros capítulos de várias séries. Eu analisava para ver quantas páginas eles precisavam para conseguir uma boa caracterização, ou como o capítulo era dividido em termos de preparação, ação crescente, clímax e conclusão, etc. Então, eu sistematicamente anotei todos esses dados. Não sei quão útil estes dados acabaram sendo, mas o ato de dividir esses trabalhos publicados assim aprofundou meu entendimento de mangás como uma mídia, pelo menos um pouco.

No que você fica mais atento enquanto revisa seus storyboards (seja quando se auto edita ou recebendo conselhos editoriais)?

Eu imagino o que vai acontecer quando o capítulo estiver na revista. Eu tenho uma noção precisa de que será lido por pessoas reais. Quando os editores me dão uma sugestão que eu não concordo, eu recuo e luto contra ela. Porque nada de bom pode sair ao implementar uma sugestão que eu não consigo aceitar no fundo. Não faria sentido.

Tem alguma coisa que você poderia ter preparado melhor antes da sua serialização começar?

Eu poderia me preparar melhor em todos os sentidos possíveis.

O que você tem em mente enquanto está criando mangás? 

O quão desagradavel ou incrível pode ser quando um personagem está coberto de sujeira e se esforçando desesperadamente. E fazê-los se erguer de momentos assim.

Qual sua abordagem para criar personagens marcantes?

Eu quero que os leitores não tenham dúvidas sobre quanto carinho e atenção eu dou aos meus personagens. Isso geralmente vem na forma de pequenos detalhes como expressões, gestos, e outras coisas.

Como alguém pode praticar a criar esses personagens fortes?

Tem vezes que eu percebo que não desenhar algo é a chave.

Por exemplo, digamos que você tem um personagem que está rindo muito. Você pode fazer ele rolar no chão e chutar o ar de forma selvagem, mas esses gestos clichês são apenas códigos de visuais padrões dentro desta mídia.

Isso não é sempre ruim, per se, mas, ao invés disso, pense em como o seu personagem especificamente agiria nessa situação.

Quantas páginas/obras você criou até chegar na sua primeira submissão de verdade? E quantas obras/páginas desde a sua primeira submissão até sua estreia?

Só um mangá, de 31 páginas. O primeiro mangá que eu criei foi escolhido. Daí para a minha primeira serialização, eu acho que teve uma ou outra só.

Qual sua abordagem para criar mangás que são bons de se ler?

Como uma mídia, mangá é lido ao se mover de um balão de fala para o outro, então sou cuidadoso com suas colocações na página.

Ultimamente, eu tenho curtido fazer planos fechados (close-ups).

Quanto tempo demora para criar um storyboard de um capítulo de 19 páginas para um mangá?

De dois a três dias e meio.

Quanto tempo demora para você finalizar o desenho de um capítulo de 19 páginas para um mangá?

De quatro a cinco dias.

Além de criar seus storyboards, o que você faz pra ter ideias e pontos do enredo de suas obras?

Vários rascunhos. Quando eu desenho, ideias surgem na minha mente e/ou se cristalizam em algo útil.

Tem alguma coisa que você usa de referência quando cria seus one-shot?Akamaru Jump, e vários primeiros capítulos.

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