Esta semana, a revista Bijutsu Techo Magazine, periódico voltado à arte contemporânea, publicou um artigo sobre a história da revista Weekly Shonen Jump, suas tipografias, seus logos e seus designs.
Após uma contextualização sobre a revista e sobre os processos de design que existem no mundo, o artigo relata uma breve entrevista com Marue Horiuchi, o atual presidente da Shueisha e o primeiro editor de Kochikame (o mangá mais longo de toda a história da revista, com 201 volumes lançados entre 1977 a 2021). Horiuchi afirma que utilizava muito da técnica da fotocomposição* para os textos dos mangás da revista, devido a velocidade que era possível atingir com a técnica.
Horiuchi ainda comenta que não havia uma tabela a se seguir referente ao tamanho de fontes ou aos textos de recordatórios, sendo esta uma decisão do editor. Os tipos de fontes também eram escolhidos pelos editores, sem uma tabela já esquematizada, baseado apenas na intuição deles.
O artigo então passa a focar em Masatoshi Furukawa, um dos designers do departamento editorial da Shonen Jump da época e o responsável pela criação do pirata da Shonen Jump que conhecemos atualmente. Além destes feitos, Furukawa trabalhou como assistente de Tetsuya Chiba e como diretor de arte das revistas Shoujo e Ribbon. Após estes trabalhos, Furukawa foi para a Jump, onde fez o famoso logo.
“Já não existe mais, mas o logo da ‘Jump’ costumava ter uma estrela. É um símbolo que todo mundo quer hahaha”, disse Furukawa à revista.
O designer ainda comenta que os caracteres eram mais largos para dar a impressão de uma revista mais grossa, além de que uma das políticas do editor-chefe da época era incluir os títulos de todos os mangás na capa, como pôsteres de filmes.
Como na época houve uma mistura de pedidos, sendo alguns em que o editor pedia um logo para o designer e outros em que o logo era pedido para a gráfica, é difícil dar os créditos a quem realmente pertence algumas das artes. O próprio Furukawa comenta não se lembrar se o logo de Mazinger Z foi feito por ele, apesar de designers da época dizerem que foi.
De Furukawa, o artigo vai parar Katsumata Kazumi, a figura central do logo da revista até 2014.
Katsumata comenta que trabalhava constantemente de manhã à noite para garantir um trabalho perfeito. O artista verificava as provas de cor, revisava as correções necessárias e muitas coisas mais. Dentre suas criações, estão os logos de Kochikame, Hokuto no Ken, Cavaleiros do Zodíaco, Dr. Slump, One Piece, Bleach e Naruto.
Katsumata comenta que, em alguns momentos, teve de mexer no título para criar um logo, como é o caso do mangá “Kochira Katsushika-ku Kameari Kōen-mae Hashutsujo”, que, devido ao título enorme, precisou ser retrabalhado no logo, sendo abreviado para “Kochikame”. Para representar isso, Katsumi usou um tipo de fonte que passasse a impressão de “caracteres sendo esmagados”.
Mesmo alguns casos sendo feitos do zero, o autor comenta que vários artistas já tinham uma ideia do que queriam fazer em seus logos e ele seguiu por cima. Eiichiro Oda lhe mostrou um esboço simples de como seria o logo de One Piece, enquanto Tite Kubo fez o mesmo com Bleach. Ambos os logos foram criados a partir da ideia de seus respectivos autores.
Katsumata também foi o responsável por algumas capas de mangás, sendo a mais famosa, de One Piece. A ele, é creditada a ideia da carta náutica que enquadra a arte do volume.
O último artista mencionado no artigo é Jumi Takuma, responsável por logos de Yu Yu Hakusho, Bastard, Yu-Gi-Oh e Hunter x Hunter.
Takuma comenta um pouco sobre seu processo artístico e enfatiza que o período de produção para o logo precisa ser de apenas uma noite, pois, por ser uma série semanal, você precisa fazer o quanto antes para não acumular.
O artigo finaliza com um comentário sobre as formas de impressão, com a revista migrando da impressão tipográfica para a fotocomposição e, atualmente, no digital.
Tanto Horiuchi quanto Katsumata comentam que a maioria da revista já havia adotado a fotocomposição em 1975, porém, a impressão tipográfica se manteve. Takuma comenta que, mesmo em uma revista dos anos 80, ambas técnicas ainda coexistiam.
“As letras nos balões e nos pilares são em fotocomposição, mas as frases inclinadas são em impressão tipográfica”.
Com os computadores ficando cada vez mais fáceis de se usar para estas finalidades, a impressão mudou. Katsumata comenta que teve dificuldades em aprender a usar o computador, mas que, quando conseguiu, o trabalho ficou mais fácil devido à alta facilidade de alterações.
A Weekly Shonen Jump é uma revista semanal de mangás publicada pela editora Shueisha desde agosto de 1968. Casa de grandes nomes dos mangás da atualidade, a revista já alcançou marcas de mais de 6 milhões de cópias em circulação.