E se Hotel Transilvânia ganhasse um mangá? Pode ter sido essa pergunta que veio à mente de Shoichi Taguchi ao criar The Pension Life Vampire. Porém, apesar do clima leve e da premissa parecida, a história pode ir para diversos caminhos muito interessantes de se acompanhar.
Na obra, acompanhamos Eri, uma oficial militar de elite treinada para lutar contra monstros sobrenaturais, como vampiros, lobisomens, zumbis e todo tipo de criatura que conhecemos. Dentro deste mundo, eles são chamados de “Nomeados” e vivem em uma espécie de Guerra Fria com os seres humanos.
Até que a guerra acaba.
Do nada, Eri se vê deslocada da realidade e sem entender o que fazer, já que via a guerra como seu único propósito. Neste ponto, Shoichi faz um contraponto fantástico mostrando que apenas Eri está desolada. Todos os outros soldados estão aliviados de não ter mais que lutar e poder viver suas vidas normalmente. Se o autor quiser, isso pode ser abordado futuramente trazendo discussões pertinentes sobre o assunto.
Eri então, tentando entender o que seria “ter uma vida normal”, acaba encontrando Nica, uma vampira que está decidida a abrir uma pensão para que humanos e nomeados possam ficar em paz agora que a guerra acabou.
Com este primeiro capítulo, podemos presumir um pouco sobre como funcionará a dinâmica. O mangá pode seguir um caminho episódico, sempre mostrando um cliente diferente pra Eri e Nica lidarem, trabalhando a relação entre as duas, com a estabanada vampira e a humana rígida. Relação esta que funciona muito bem.
Porém, um ponto que vale a pena destacar é justamente o nome dado as criaturas. Nomeados. Em inglês, acclaimed. Além disso, a posição militar da Eri também tem um nome claro. Reescritora. Ao ler, me perguntei por que não chamá-los de “monstros” ou “criaturas” e percebi que isso pode fazer parte justamente da mensagem principal. Em outras palavras, trabalha-se um clima leve e bobinho pra falar sobre preconceito e como isso afeta os nomeados, visto que, no primeiro capítulo, já foi dito com todas as palavras que “Nomeados são monstros”, em um tom claramente pejorativo. Além disso, pode ter arcos falando sobre militarismo e apagamento histórico, por isso o nome reescritor.