Entrevista | Jenn, autora de Ryota

Ryota é uma Light Novel nacional publicada desde 2021 no site Novel Mania. Atualmente, a história de Jennifer já alcançou mais de 100 mil visualizações e conta com diversos leitores e fãs. Em agradecimento aos fãs, Jenn criou uma campanha no Catarse para lançar alguns brindes de sua novel e nós aproveitamos a oportunidade para entrevista-la. Confira:


Mangáteria: Para começar a entrevista, queria que você se apresentasse. Fale um pouco do seu trabalho, tanto na Twitch quanto em Ryota, e conte um pouco sobre a história de Ryota.

Jenn: Bom, o meu nome é Jennifer. As pessoas me conhecem na internet como Jenn.  Eu comecei na internet como Youtuber, falando de animes e das coisas que eu acompanhava. Mas, eventualmente, acabei começando a fazer lives na Twitch esse ano e fiquei focada em trabalhar também no tiktok, pra falar de animes, especialmente de Re: Zero. Tenho uma conta no Twitter onde engajo bastante com animes e mangás, e tenho uma interação um pouco maior do que nas outras redes sociais. 

Ryota é uma história que eu criei faz um bom tempo e, no começo, era um shonen. O piloto da história era um shonen. Mas, quando eu reescrevi, ela virou só uma fantasia comum, com ação, drama e essas coisas assim. Na história de Ryota, a protagonista se chama Ryota e ela basicamente descobre, no aniversário dela, que a vila onde ela morava foi destruída e quase todo mundo morreu. Ela acaba percebendo que as pessoas que ela confiava e de que gostava podiam não ser pessoas tão boas. Ryota conta sobre pessoas que lidam com seus passados, e tentam superar problemas. Tentam encarar os desafios do mundo, sejam fantasiosos como entidades e outras criaturas que tem dentro da história, ou problemas normais do dia-a-dia, sociais ou pessoais mesmo, da parte psicológica.

Mangáteria: Aproveitando que você comentou sobre o que é a história, vou puxar uma pergunta aqui: Porque escrever Ryota? O que te motivou a escrevê-la?

Jenn: Na época, eu lembro que, quando Ryota ainda era um shonen, eu queria escrever uma história com bastantes personagens e que eu pudesse abordar vários temas diferentes. Eu queria poder contar histórias para as pessoas. Ryota nasceu porque eu queria contar histórias de pessoas passando por situações e superando-as, ou não. E isso veio desde a versão piloto. Acabou mudando posteriormente de gênero, mas continua com a premissa original e acabou que, no fim das contas, a história sempre vai passar por várias jornadas de personagens. Desde o começo eu queria muito escrever uma história sobre pessoas lidando com histórias, geralmente tristes, né? As pessoas me apelidaram de Escritora do Sofrimento porque eu adoro escrever história triste hahahaha Fazer os personagens sofrerem, mas não porque eu gosto de escrever assim, ou por eu ser muito fã de Re: Zero (que tem personagens que passam por dificuldades, que sofrem e que superam isso depois), mas porque eu queria muito poder trabalhar e contar da minha perspectiva algumas situações, e passar mensagens através dessas situações também. 

Mangáteria: Você comentou sobre ser originalmente um shonen. Então, no piloto, seria um mangá ou desde o começo você pensou em ser uma novel?

Jenn: Não, na verdade, quando eu descobri a existência de Light Novel eu nem sabia que tinha esse negócio de autores japoneses escreverem livros e adaptarem para anime. Antes eu achava que era tudo mangá. E eu só fui descobrir que existia isso, de escrever mesmo, quando um youtuber lançou o livro dele que era uma light novel brasileira também. E eu lembro que na época eu fiquei pensando “nossa, existe isso?”. E daí eu fui pesquisar e descobri que existem sagas como Re: Zero, Toradora, Mushoku Tensei, um monte de isekai derivado, que são advindos originalmente de novels, de webnovels, light novels e, posteriormente, animes. E aí eu fiquei “nossa, que legal”. 

Desde o começo eu fui uma fã muito grande de livros, eu li bastante fantasia, bastante romance também. E eu senti como se fosse a minha oportunidade de poder escrever uma história meio anime na época. Isso faz uns bons anos já. E pensei que agora que eu poderia ter essa oportunidade, né? Descobri que os livros podem ter ilustrações em anime, mangá, nesse traço. E, a partir disso, eu comecei a escrever. 

A primeira versão foi um shonen, porque na época eu gostava muito de shonens, eu acompanhava bastante. O Fred, por si só, eu assistia muito na época, e ele comenta muito sobre shounen. Na época eu falei que queria uma história com bastantes personagens e tal,  mas queria escrever com lutas, botar arcos genéricos de anime shonen, porque eu adorava. Adorava arco de lutinha, de personagens aparecendo, e daí a ideia do começo da história era justamente ser um shounen. Posteriormente eu acabei dando uma pausa de escrever Ryota depois do primeiro volume. Quando eu fui reler a história, eu percebi que estava indo pra um rumo que eu não estava gostando, e senti que não iria conseguir controlar do jeito que eu queria. Não ia caminhar do jeito que eu pensei em fazer. Então, eu reescrevi completamente e eu publiquei uma versão completamente nova – que é a versão que tem hoje em dia no site da Novel Mania, uma história de fantasia com ação e drama. 

Mangáteria: E essa reescrita começou em Junho de 2021 mesmo ou essa foi a data que você começou a publicar?

Jenn: Eu comecei a publicar nessa época. Eu tinha escrito há mais de um ano, quase, e eu escrevi quase dois arcos por completo antes de começar a publicar no site, pra poder ter uma carga pronta já de capítulos pra não ter que correr contra o tempo pra postar toda semana, pois eu postava dois capítulos por semana. Até hoje em dia é assim, um na quarta e um na sexta, e eu sempre quis manter uma rotina bonitinha de capítulos pros leitores acompanharem semanalmente e se acostumarem pensando “Hoje é dia que tem Ryota”.

Mangáteria: Hoje em dia você está no capítulo 45 do terceiro arco publicado. Já tem mais capítulos prontos não publicados ou nesse momento você está escrevendo conforme lançamento?

Jenn: Atualmente, eu escrevi até o capítulo 56 hahahaha. Eu estou  mais de um mês adiantada com os capítulos, já está tudo programado no site. Vai sair conforme os dias certinhos, mas eu quero poder terminar de escrever tudo antes de terminar o arco, por que assim que eu termino a escrita de um arco, gosto de fazer a revisão da história, para começar a fazer o próximo arco tendo tudo em mente, não esquecendo nenhuma informação, nenhum plot, nenhum mistério que eu deixei passar ou alguma informação que eu esqueci. Então, eu sempre gosto de deixar tudo adiantadinho pra poder reviver a história, reler bonitinho e deixar tudo prontinho organizado.

Mangáteria: Você tem algum tipo de caderninho no qual você anota os pontos principais da história?

Jenn: Eu tenho um docs, no Drive, que eu escrevo os capítulos e eu tenho um outro documento que eu boto as minhas ideias. Tipo, eu to indo dormir, aí eu penso “Nossa, seria muito legal se eu fizesse uma cena assim ”. Abro meu celular e mando para aquele docs. Eu escrevo de qualquer jeito, só pra não esquecer a informação. Tenho um Trello que eu uso para anotar informações de personagens. Eu faço uma ficha para cada um, com idade, gênero, poderes, história, plots que eu quero colocar e tenho certeza que vão estar na história, e eu boto todas as informações lá. Hoje mesmo, quando eu fui escrever um capítulo eu olhei “Essa informação aqui, será que eu coloquei na história?” e, se eu marquei no Trello, eu sei que tá na história. Eu vou no Trello e é mais fácil de achar do que ficar olhando 40 capítulos diferentes, né? Então eu sempre marco tudo bonitinho no Trello pra me organizar melhor

Mangáteria: Você comentou sobre a publicação que está saindo agora na Novel Mania. Como você teve contato pra publicar lá e como funciona caso alguém queira publicar neste site?

Jenn: O site eu lembro que conheci na época que eu fiz a reescrita. Eu queria publicar num site gratuito a nova versão pras pessoas conhecerem. Eu procurei bastante, pensei em publicar no Tapas, que é um site em que quadrinistas e mangakás normalmente publicam, e a galera tem um contato muito maior por lá, mas eu percebi que, pra novels, talvez não fosse uma coisa tão boa. 

Eu pensei que podia encontrar um site em que as pessoas estão acostumadas a ler novels, tanto traduzidas quanto brasileiras. E aí encontrei a Novel Mania, que eu acho que é o maior site brasileiro de tradução de Light Novels e Web Novels. Lembro que achei muito bacana o trabalho deles, tanto com tradução quanto com o cuidado com os autores, pois eles são muito atenciosos. Mandei mensagem pra eles, por e-mail, tudo bonitinho, e basicamente eles avaliaram. Eu mandei alguns capítulos para lerem e falaram que podiam postar. Fizeram perguntas sobre qual o gênero da minha história, quantos capítulos eu planejei, quantos eu queria postar por semana e a gente se ajustou e fechou um contrato. E eu sempre publico apenas no site deles, porque o contrato é de exclusividade, e eles sempre ajudam na divulgação e comentam sobre a história. Estou publicando lá há mais de um ano. 

Mangáteria: E tem uma editoração da parte deles? Palpites sobre a história? Ou é livre?

Jenn: Sim, sim, sim. No começo eles fazem a leitura, olham certinho se você tem uma boa escrita, se você tem uma história minimamente decente pra ser lida, e aí eles dão suas opiniões também, mas fica a cargo do autor mudar ou não. Geralmente, eles fazem aquela primeira impressão, comentam a respeito da história e, obviamente, dão opiniões.

Mangáteria: E tem algum retorno financeiro?

Jenn: Não, é tudo gratuito. Eu escrevo por puro amor. Por enquanto, por enquanto. Torcendo pro físico em breve, quem sabe.

Mangáteria: Aproveitando que você falou do físico, alguma editora já entrou em contato contigo pedindo ou perguntando se você tem interesse em publicação física?

Jenn: Já, eu estou conversando com uma inclusive, só que por enquanto não tem nada fechado. Estamos vendo os “E se”, né? Mas por enquanto nada fechado, estamos só conversando e por enquanto tenho planejamentos, mas nada fechado no momento. Quem sabe, pra ano que vem, alguma coisa. 

Mangáteria: E a ideia seria lançar um Omnibus ou um volume por arco?

Jenn: Eu queria fazer um volume por arco, se possível. Como o arco 1 e o arco 2 são arcos relativamente pequenos, o 1 tem treze capítulos e o 2 tem 25, até dá pra compilar em dois volumes, um volume para cada arco. 

Só que vimos que talvez o arco 2 precise de dois volumes, porque ele ia ficar um tijolão assim, sabe? Eu queria, ao máximo, fazer menos volumes quanto possível, mas, se não der, fazemos mais volumes, investindo mais em artes e conteúdo adicional que podem deixar os leitores e os fãs da versão web mais felizes e mais ansiosos para comprar a versão física.

Mangáteria: Sim, inclusive por que ao todo você já escreveu mais de 400 páginas, né?

Jenn: Bastante coisa, hahahaha. Bastante coisa.

Mangáteria: Foram 85 capítulos e mais de 400 páginas. Você tinha noção da dimensão que isso tomaria?

Jenn: Pior que, desde o começo, quando eu comecei a roteirizar a história, eu marquei certinho o que eu queria fazer e pensei que queria escrever ao total 10 arcos. Só que pensei que poderiam ser 10 arcos curtos, de 20, 30 capítulos. Eu lembro que na época pensei que 50 capítulos já estavam muito bons. E hoje estou escrevendo o arco 3, que vai ter 102 capítulos. E a tendência é ficar maior.

Mangáteria: E qual o seu planejamento de escrita? Qual a rotina? Só em setembro você lançou 7 capítulos, com ao todo 128 páginas publicadas. Você comentou que tem esse planejamento anterior, mas ainda assim são quatro páginas por dia. Como é essa rotina de escrita e como você se programa para escrever nessa velocidade?

Jenn: Assim, se você olhar as datas, eu fiz um hiato no meio do arco três. Eu fiquei mais de um ano parada sem escrever. Quando eu comecei a fazer a reescrita, eu escrevia um capítulo por dia. E os capítulos batiam pelo menos 2.000, até 2.500 palavras, antes, né? Até que eu fiz a pausa na metade do arco três e minha cabeça fechou, aquele bloqueio criativo que dá. Eu escrevi muito muito muito muito, e ficou um momento em que eu não conseguia escrever nada de qualidade, nada que eu gostasse. 

E eu fui tirar um tempo pra mim, pra descansar a cabeça e posteriormente  tentar escrever aos poucos. E nisso foi um ano. Hahahaha Até que esse ano, depois de eu começar a consumir outras coisas e ler outros conteúdos, voltei a escrever com calma. E essa semana, pelo menos, eu consegui escrever um capítulo por dia. Agora eu estendi um pouco mais os capítulos, que antes eram 2.500, no máximo 3.000, palavras, hoje em dia batem 5.000, 4.000. 

Sempre tento escrever 2 capítulos por semana e  batem à margem das 3 mil palavras, 4 mil, no máximo 5 mil para manter semanalmente os capítulos bonitinhos, pra, pelo menos, uma semana eu estar adiantada, né? 

Assim, conforme eu fui conseguindo escrever todo dia, eu até adiantei os capítulos da semana que vem, porque eu estava ansiosa pra escrever, foi muito bom. Eu senti que estava sendo produtivo, senti que eu estava conseguindo fazer o que eu queria fazer há muitos meses, então eu sempre tento ao máximo adiantar coisas. Eu não gosto de correr, mas o máximo que eu puder adiantar, produzir mais, pra deixar tudo bonitinho pra poder me programar pro que vem depois, melhor pra mim. 

Então, todo dia, pelo menos um capítulo eu escrevo. Eu até perguntei no twitter esses dias “Gente, é normal escrever um capítulo de 5 mil e poucas palavras sem perceber?” e foi tipo, 12 páginas A4 completinhas. E os autores lá “Não, porque eu escrevi 8 mil palavras”. E eu fiquei OITO MIL?!?! 20 páginas?! Eu me senti um pouco menos pior.

Mangáteria: E escritas além de Ryota? Você já chegou a participar de algum concurso?

Jenn: Já, eu já publiquei um… não foi um conto, acho que foi uma… não me lembro se foi um conto ou um poema. Poesia eu não sei escrever. Mas eu lembro que ou foi um poema ou foi um conto, mas faz uns bons anos já. 

Eu lembro que era pra uma editora que tava fazendo concurso pra contos ou poemas e aí eles faziam avaliação de quem mandava e era um compiladão de vários autores que escreviam historinhas, poemas e eles publicaram o livro. E eu lembro que eu fiz isso uma vez, mas eu nem sei pra qual editora foi, eu fiz por esporte mesmo, por hobbie, pra ver se eu escrevia alguma coisa legal. Foi publicado, mas não lembro em qual editora que foi. Faz uns bons anos já.

Mangáteria: E desde quando você começou a gostar de escrever? Você lembra quando começou essa paixão? Se foi assistindo alguma coisa e você pensou que queria fazer igual ou então fazendo fanfic também? 

Jenn: Eu sei que desde pequena minha mãe me incentivou a gostar da leitura, a gostar de ler. No começo era bastante quadrinho, mangá. E posteriormente fui pra livros de fantasia. E aí eu começava a ler aquelas histórias tipo A Seleção, romances, fantasia, e foi pra ação e eu me expandi no meu universo de leitura. Hoje eu tenho uma prateleira gigante de livros em casa. Mas, sobre escrita, eu lembro que eu gostava muito de assistir animes, mas isso faz uns bons anos, eu tinha meus 12 anos. E eu gostava de escrever as histórias, me inserindo na minha própria história. Hoje em dia a gente chama de fanfic, mas na época eu só escrevia pra mim mesma. Eu pegava meu caderninho, minha caneta e escrevia uma história onde eu estava dentro de um anime, ou de uma história que eu gostava, pra me divertir, pra dar risada, interagir com os personagens da obra.

Posteriormente isso foi crescendo, crescendo, e eu fui pras fanfics. Eu cresci bastante como autora, eu aprendi bastante escrevendo fanfics, por mais incrível que pareça. Eu escrevi um romance, e publiquei também. Hoje em dia ele não está mais pra venda. A editora era para autores iniciantes, que eles auxiliam tudo pra quem ta começando. Era um romance bem genérico de um casal que se conhecia e, à primeira vista, se apaixonava. Era o tipo de coisa que eu gostava na época e eu lancei com 15 anos… Eu to com 20, então faz cinco anos isso hahaha. 

Eu lembro que, na época, quando eu fui lançar, eu já achava o livro bem ruim, mas eu falei “Eu quero lançar um livro pelas minhas próprias mãos, não importa se ele é ruim. Eu quero lançar e quero ter orgulho do que eu fiz, porque é a primeira história que eu escrevi completa.”. Com as fanfics e todo o resto eu começava mas não terminava nunca. Eu ficava no meio do caminho. Mas esse livro especificamente eu publiquei todos os volumes que eu recebi aqui, eu fiz lançamento. Na época eu estava no ensino médio, então fiz o lançamento na escola. E foi um dos dias mais felizes da minha vida, que eu fiquei com mais orgulho de mim mesma, sabe? Foi maravilhoso. Hoje em dia eu tenho uns dois volumes lá em casa. Eu nunca vou abrir pra ler porque eu tenho certeza que eu vou morrer de vergonha alheia, porém, tá lá hahahaha. Eu tenho orgulho do livro e até hoje estou aqui.

Mangáteria: Voltando pra novel, Ryota é ilustrado. E as ilustrações são da Ana Helena, certo? Como foi o contato com ela?

Jenn: A versão piloto de Ryota era desenhada por uma ilustradora, Demi, que encontrei no Facebook. Quando eu fiz a reescrita, eu percebi que eu queria mudar também a arte para mudar o ar que a história tinha. E eu fui tentar encontrar uma pessoa que tenha o traço um pouco diferente, meio anime também, mas de uma forma que a pessoa que olhe pra arte, pense “É de Ryota”. É um traço bem especial, que a pessoa vai bater o olho e vai lembrar.

Lembro que, naquela época e até hoje, eu gostava muito de comissionar artistas, comprar artes com várias pessoas, dos meus personagens. Eu adoro comissionar artistas e ver meus personagens em traços diferentes. E eu aproveitei isso, né? Eu gostava de gastar dinheiro com artistas e comprei várias artes, de vários artistas, e eu vi qual traço se adequava a minha história. 

Na época eu comprei uma comissão com a Ana, dos meus quatro personagens principais, o que foi um concept art dos meus personagens. Alguns eu até mudei o design. E aí eu pensei “nossa, o traço ficou muito bom, ficou muito bonito”. O traço da Ana, se você olhar, é anime, mas é um anime meio cartunizado. É um traço muito especial e eu achei que era isso aqui que eu precisava. E depois a gente conversou e eu falei que ia ter ilustrações na minha webnovel e conversamos sobre as capas. “Eu preciso fazer isso, isso e isso” e conforme fui fazendo, eu fui comprando as artes com ela e produzindo as artes que tem hoje em dia de Ryota.

Mangáteria: E caso as ideias do livro físico irem pra frente, será ela a fazer as capas?

Jenn: Uhum, só ela vai ilustrar agora. Eu falei pra ela “Você vai ilustrar a todos, não importa o que aconteça. Você vai tá lá, entendeu? hahahaha. Seu nome vai estar bonitinho lá no livro”.

Mangáteria: Você comentou que lê bastante. Que você é fã da Seleção, de Re: Zero. Quais são os seus livros e suas novels favoritas, em geral?

Jenn: Ó, de livro, eu posso citar que eu sou muito fã de Trono de Vidro, a saga da Sarah J. Mass. Eu gosto bastante do jeito que ela escreve as lutas, as cenas de ação e como ela constrói o universo de fantasia dela, eu acho maravilhoso. Eu tento me basear bastante nesse estilo que ela escreve. 

Re: Zero também me incentivou muito a escrever, a forma que eu narro e faço diálogos veio de Re: Zero, porque na época eu comprei os três primeiros volumes, que abordam o arco 1 e arco 2, e aí eu gostei bastante do jeito que o Tappei Nagatsuki, o autor, escrevia. De uma forma simples, que não era cheia de palavras muito difíceis, né? Porque novels, na verdade, têm bastantes diálogos. Ela é focada em diálogos e os livros têm bastantes descrições. É parágrafo, parágrafo, parágrafo, geralmente. 

Eu gostei bastante do estilo, eu estudei bastante, eu li, reli, reli, reli, sou viciada na história. E eu aproveitei isso para me inspirar no estilo de escrita e de narração que ele usa, e também pra eu estudar o jeito que ele cria personagens. Sou bastante fã da história, bastante fã dos personagens, o jeito que ele cria plots, o jeito que ele cria o universo. E eu me inspirei muito, muito, muito, pra fazer quase tudo assim na minha história. Não é idêntica a premissa, os personagens são totalmente diferentes, mas quem gosta de Re:Zero talvez vá gostar de Ryota justamente por essa inspiração hahahaha.

Mangáteria: E já teve algum livro que você não necessariamente gosta, só que você para, olha e pensa “Pô, isso aqui na minha história ficaria muito bom!‘.

Jenn: Aconteceu recentemente hahahahaha! Eu comprei a versão física de Mo Dao Zu Shi, o grande Modão, da NewPOP, e eu não conhecia nada de Modão. E a galera fala muito bem, a NewPOP tá dando um suor aqui pra publicar isso pra galera que gosta, então comprei o volume. Comecei a ler. E tem uma cena em que eu até brinquei com a galera do meu servidor, que tem os leitores lá. Cheguei num capítulo, quem conhece a história vai saber, que é onde  um dos personagens está bêbado, e esse personagem, quando bêbado, fica dando em cima do outro personagem principal. É um casal homossexual, mó bonitinho, são um amorzinho. E eu falei “Nossa, e se eu fizesse isso?” hahahaha. E essa semana eu escrevi um capítulo que é a Ryota ficando bêbada e dando em cima de um outro personagem que gosta dela também e foi com inspiração nessa cena de Mo Dao Zu Shi, que eu achei incrível e botei hahahaha. É maravilhosa. Acontece bastante isso.

Mangáteria: Vamos agora para um momento de terapia de autoavaliação hahaha. O que você acha que chama mais atenção na sua escrita? Os personagens, os cenários, os diálogos que você escreve? O que você acha que prende a atenção dos leitores?

Jenn: Eu acho que são os personagens e, por consequência, os diálogos. Tem uma coisa que eu “estudei”, e vi bastante vídeo no Youtube pra dar uma estudada, é sobre roteiro. Quando estava reescrevendo a  história, não lembro de onde veio essa informação, mas eu tenho até hoje na minha cabeça, que é quando você escreve um diálogo, se possível, o máximo que você tem que fazer é tentar fazer o leitor distinguir quem está falando só pela forma que o diálogo é escrito. 

Então, por exemplo, você é um personagem que vem do interior e fala de um jeito meio corridão, e você faz ele falando muito mais e cortando as palavras para que quando as pessoas forem ler pensarem “Ah, essa personagem aqui é tal”. Ou é um personagem de uma nobreza, aí ele fala de um jeito meio pomposo, estende as palavras ou usa palavras um pouco mais chiques. E eu pensei “Poxa, é uma coisa que eu quero fazer”. E é uma coisa que eu faço até hoje nos meus personagens, e eu tenho muito orgulho de dizer que os meus personagens e, por consequência, alguns diálogos deles são a coisa mais interessante da história. A melhor coisa que eu faço em Ryota.

Eu fico feliz porque eu criei a história pensando nisso, e aí quando as pessoas comentam isso me dá uma felicidade em saber que o que eu fiz fez elas sentirem o que eu queria que elas sentissem hahahaha. Fazer elas gostarem dos personagens. 

Mangáteria: Elas acabam gostando dos personagens tanto quanto você.

Jenn: Uhum.

Mangáteria: E, como nem tudo são flores, qual você acha que é seu ponto fraco? Aquilo que você faz e sente que não está alcançando o que queria?

Jenn: Hmmm, eu não sou muito boa em escrever mistério hahahah Todo mundo percebe isso. Eu até tento deixar uma pulga atrás da orelha algumas vezes, mas eu não sou uma pessoa focada em escrever mistério, tanto que eu não coloco tanto mistério na história. Eu não sou uma pessoa muito especializada no assunto. Então, por eu não saber escrever, eu já não coloco muito. Quando eu coloco, fica bem na cara o que tá acontecendo. Fica beeem na cara hahaha.

Fica aquele negócio que todo mundo já sabe o que é, mas eu vou fingir que ninguém sabe. Mas eu gosto de brincar um pouco com os personagens. Fazer eles pensarem que é uma coisa, mas é outra. Eu não sou muito boa em fazer isso, em criar esse ponto de virada, esse twist assim, que é uma coisa, mas na verdade é outra. Eu não manjo disso, mas eu tento fazer de uma forma que a pessoa fique entretida com o que eu to escrevendo, sabe? E aí é só aquele temperinho pra dizer que tem, não é o que chama a atenção mas é muito legal quando funciona.

Mangáteria: Ainda na terapia, mas saindo da autoavaliação, vamos pro momento emotivo. Tem alguma mensagem ou alguma história de algum leitor que aconteceu contigo que te marcou muito? Pode ser tanto positiva quanto negativamente?

Jenn: Tem um rapaz que é meu mod, o nome dele em qualquer rede social é Renyuzu e ele foi um dos primeiros a ler minha história e, por consequência, comentar toda semana o que ele tava achando. Ele gosta de uma personagem chamada Elisa, que é uma das secundárias. É uma personagem que é tímida, meio na dela, mas é bastante positiva, que passa um alto-astral muito grande. E ela… não é uma história de superação, mas é uma história sobre gostar de si mesma e ter confiança em si mesma. Não é uma coisa super triste, como os pais dela morreram nem nada assim. Ela saiu de casa, queria um trabalho, conseguiu o trabalho e hoje tem orgulho dele. A personagem hoje é isso. 

Eu estou trabalhando para melhorar um pouco a história dela, mas hoje em dia, basicamente é isso. E tanto ela quanto o Zero, que é o de cabelo violeta, um dos principais, falam justamente sobre autoconfiança, ter orgulho de si mesmo, ser independente. Ter esse lance de você mesmo, sozinho, não com outras pessoas. E o meu mod falou que gosta especialmente desses dois, que a história deles o marcou bastante porque ele se identifica com eles sobre querer gostar de mim mesmo e ter mais confiança em mim mesmo. E particularmente, foi uma coisa que me deixou feliz, porque eu percebi que, por mais que eu esteja me baseando na minha imaginação, na minha criatividade, provavelmente usando coisas que eu consumi, como animes, mangás e livros, pra poder criar esses personagens que eu gosto, saber que eu fui capaz de criar um drama e, por consequência, criar uma cena bonita e fazer um leitor gostar do personagem e até se emocionar com a cena, me deixa feliz. Me faz perceber que meu trabalho tá dando certo, que tá indo pra um caminho legal, sabe? E eu fiquei feliz com esse comentário que ele fez pra mim.

Mangáteria: É muito bonito isso. Até porque geralmente as cenas que ficam com a gente não é uma questão de técnica, escrita. É uma questão de se identificar, né?

Jenn: Sim, sim sim sim, ou de ter empatia pelo personagem. De você sentir isso como se fosse com você. Eu gosto.

Mangáteria: Você já teve isso com algum personagem?

Jenn: Hmmm, deixa eu pensar…. de cabeça é meio difícil, mas eu sei que eu tive isso com… ela não é minha favorita… não é meu anime favorito, mas a Hanekawa, de Monogatari. Eu sei que ela é uma personagem que eu me identifiquei por conta da história que ela tem, que é sobre uma pressão social muito grande, os pais exerciam uma pressão muito grande em cima dela, pra ela ser uma garota boa, uma garota perfeita e pa pa pa. E eu lembro que, na época, eu me identifiquei, não só porque fisicamente a gente se parece, ela tem cabelo cacheadinho, usa óculos, e é a mais inteligente da escola e tal, essas coisinhas, mas por causa da história dela, do lance da personagem. E eu me identifiquei com isso, sabe? Eu senti. E especialmente, em semelhanças, foi com ela, de cabeça que eu consigo pensar. 

Acho que, quando é uma história que eu não necessariamente me identifico, mas que eu consigo sentir empatia pelos personagens e entender o que eles estão passando… Re: Zero é o exemplo perfeito. É com quase todos. Eu acho que, pra mim, personagem é a alma de qualquer coisa que eu vou fazer. Um anime pode ser a coisa mais mal desenhada ou ter uma história bem mediocre, mas se ele tem personagens que são carismáticos ou que, de alguma forma, me fizeram gostar deles, seja a personalidade, eu provavelmente vou gostar do que eu estou consumindo, por mais que seja mediano ou bem ruim. E vale para livros também. Personagem é a alma da história. Por isso me dedico tanto a fazer o máximo que eu posso pra criar personagens bons e carismáticos.

Mangáteria: Tem lugares, como o Wattpad, que tem livros pra caramba. Muitos autores publicaram vários livros lá, mas as light novels nacionais, em geral, não tem um consumo tão grande assim, comparado ao resto.  Se comparar aos livros, tem o Wattpad. Se comparar a quadrinhos e mangás, tem o Tapas e o Fliptru. O que você acha que falta para light novel dar aquela engatilhada?

Jenn: Assim, eu não sou aquela pessoa muito por dentro do que faz alguma coisa explodir. Tanto que eu lembro que tinha uma época que os quadrinhos e os mangás brasileiros não eram tão consumidos quanto hoje em dia. Hoje em dia, as pessoas apoiam muito a produção brasileira e isso é uma coisa maravilhosa. 

Eu lembro que [as novels] explodiram bastante, mas eu acho que talvez o que falte pra dar esse up seja justamente um investimento em cima delas. E aqui eu falo investimento não necessariamente financeiro, eu digo sobre dar uma chance pras pessoas contarem suas histórias. Olhar pras obras brasileiras, não com um olhar de “Ah, é uma história brasileira, logo não é boa.”. Muito pelo contrário, às vezes a pessoa que escreveu aqui tem uma ideia totalmente diferente ou escreveu de uma forma que chama muito mais atenção do que o que a gente vê no Japão que, algumas vezes, são histórias até repetitivas de uma certa forma. 

E, assim como foi com os quadrinhos e mangás, se a gente ver editoras investindo em light novels, provavelmente vai dar o up necessário. Eu acho que talvez você ter um, dois ou até cinco obras que sejam aqueles pilares que a galera vai olhar e falar “Nossa, essa obra aqui foi minha inspiração pra escrever, por isso hoje estou escrevendo, estou me esforçando”. Acontece bastante.

Eu sei por que hoje… eu não sou uma autora influente, não sou uma pessoa influente como escritora, mas eu sei, vira e mexe, vem alguém no meu twitter, na minha DM, falando “Nossa, eu li sua história, e você me inspirou a voltar a escrever a minha novel, porque eu tinha parado. Eu tinha perdido a vontade, mas você me inspirou. Muito obrigada”. Só vem comentar assim, sabe? Ou falar “Sua história é muito boa, me deu vontade de escrever a minha também.” E eles comentam sobre o que querem escrever, e eu digo: vai em frente, publica, divulga tua história e vai pra cima. Por que, se você desistir, não tem como prosseguir pra lugar nenhum, você fica estagnado no lugar. 

Eu acho que talvez o que falte seja justamente o investimento geral que teve em quadrinhos e mangás brasileiros nas novels. É você dar uma chance pra ver o que elas tem a oferecer. Por mais que quadrinhos e mangás sejam muito mais consumidos do que livros, provavelmente. Acho que é só dar uma chance pra ver o que tem a oferecer. 

Mangáteria: Aproveitando que falamos sobre investimentos, recentemente você abriu um Catarse para comemorar as 100 mil visualizações. A maioria das campanhas são relacionadas a fazer uma versão física. Você foi numa certa contra mão disso e lançou uma campanha voltada para brindes e posters para agradecer. De onde veio essa ideia?

Jenn: A minha ideia, na verdade, era fazer um Catarse pequeno, mais básico possível, para criar uns brindes exclusivos para essa comemoração. Eu até pensei em fazer uma coisa grandiosa e colocar, por consequência, a versão física, mas depois desses anos aprendendo mais sobre publicar a versão física, eu percebi que, se eu fosse fazer por conta própria, sozinha, provavelmente não sairia uma coisa tão boa quanto se eu fizesse por uma editora que manja do assunto, como a Indie Press, que trabalha com o Catarse para publicar quadrinhos. Eles publicaram Ping Pong & Drama e outros que se saíram muito bem. E eu pensei que, poxa, eu até queria ter feito, mas eu não queria entregar qualquer coisa. Não queria produzir por produzir e entregar qualquer coisa. Então eu conversei com a ilustradora, a Ana, e falei que queria fazer um Catarse, um Catarse pequeno, de 1.000, 2.000, o máximo da meta, só pra tentar fazer chaveiro, prints, para quem tiver interesse em comprar e garantir os itens. A gente não pretende mais fazer depois, é exclusivo, a galera pega. E eu sei que teve pessoas que conheceram a novel por conta do Catarse, porque a galera divulga bastante hoje em dia. Então, quando aconteceu de bater os 50%, e agora tá rumando para 60% [Na data de publicação da entrevista, o financiamento pode ser acessado pelo link: https://www.catarse.me/ryotaespecial], eu fiquei feliz porque percebi que mesmo o catarse sendo pequenininho e com o pouco de conhecimento que as pessoas têm da Novel, que não é uma coisa muito grande, eu vi que pode ter um retorno, mesmo que seja só eu divulgando. Eu sei que, futuramente, se fizer um Catarse com uma galera que manja do assunto e que tem todo o negócio preparado pra divulgar, sei que daria provavelmente bem certo. Mas, na verdade, foi só pra comemorar mesmo, pra entregar pros fãs aquilo que eu queria ter feito há bastante tempo, que são itens exclusivos bonitinhos. E eu vou pegar pra mim também por que eu sou fã da minha própria história.

Mangáteria: Sobre a visualização, é uma verdade, né? Porque a campanha aconteceu quando chegou a 100 mil e agora tá com 111 mil. Foram 11 mil visualizações a mais em 30 dias. Você tem, vamos dizer assim, “noção” do tamanho desse público?

Jenn: Na verdade, o site conta por quantas vezes você abre a página e entra nos capítulos. E conta por capítulos. Então se alguém abriu pra poder ler e saiu, ele conta como uma leitura. Então, se uma pessoa leu ou leu mais de uma vez, vai estar contando conforme ele for passando as páginas. Mas é um número grandinho, né? Hahahahaha

Mangáteria: Hahahaha siiim! São mais de 300 pessoas novas conhecendo sua novel por dia.

Jenn: Dá pra adicionar também que tem os leitores regulares, né? Então talvez seja um número menor, mas ainda assim é muito bom. Que bom que tenha tantas pessoas novas.

Mangáteria: Você comentou de fazer um outro Catarse com pessoas que conhecem mais, como a própria Indievisivel. Isso significa que você já tem planos para outras histórias além de Ryota? 

Jenn: Com certeza hahahaha. É uma coisa que eu queria muito fazer, só que eu falei com os leitores que perguntaram, que eu quero publicar outras novels, escrever outras histórias também, só que só depois que eu terminar Ryota. Eu até tentei escrever algumas, estou com ideias prontas, mas percebi que eu não conseguiria escrever tão bem fazendo duas de uma vez. Eu quis me concentrar numa só, dar o meu melhor nela, escrever o que eu quero escrever nela. Aí depois, se eu quiser escrever outras ideias, uns negócios bem diferentes, aí eu produziria outras histórias. Mas no futuro, com certeza, eu quero escrever mais histórias e publicar.

Mangáteria: Pra finalizar, já que mencionou o futuro, você já tem planos pro fim de Ryota?

Jenn: Eu tenho uma ideia pro final, mas é uma coisa interessante, por que sempre que eu falo sobre o jeito que eu produzo as coisas, como eu roteirizo. É uma coisa interessante por que eu faço os roteiros mais simples do mundo, pra ser bem honesta. Quando eu começo a pensar sobre um arco, isso é uma coisa que eu me aprofundo mais, mas quando é pra passar esse roteiro completo para capítulos, eu separo eles em capítulos. 

Aconteceu tal coisa no capítulo 1, ai eu separo bonitinho. E aí tem roteiros que tem uma página A4 inteira de roteiro, só de roteiro mesmo, em tópicos. Geralmente tem cenas específicas que eu sei que quero que fiquem assim, e eu boto entre parênteses “Personagem tal fala tal coisa, faz tal coisa e tal coisa”. E aí fica grande porque eu descrevo bastante, ponho bastante informação. E tem capítulos que são tipo “Personagem X vs Personagem X”. E eu passo pro próximo hahahah. Como vai ser a luta, aonde vai ser, não sei. Mas tá lá. Alguma coisa vai acontecer. 

É engraçado quando eu falo sobre planejamento, pois tem muitas coisas na minha história que marcam ela, cenas específicas, que eu não planejei, eu só tirei… eu falo que tirei do * hahahaha. Na hora que eu pensei “E se eu botasse isso?” e fica Top cenas da Novel, sendo que eu tirei do nada a cena. Ela não estava programada para acontecer, ou era de outra forma e eu penso em fazer de outra forma na hora, e fica muito melhor do que eu planejei. Acontece muito muito muito muito muito. É quase assustador. Eu até brinco que nisso eu sou o Oda brasileiro, porque eu escrevo coisas que as pessoas falam “Nossa, você planejou isso?” e eu fico…siiiim, claaaro, com certeeeeza eu planejei. hahahahah Mas do final, é uma ideia mais vaga do que eu quero fazer. Eu tenho ideias prontas, mas a versão final vai ser sempre diferente do roteiro, com certeza. Vai estar bem mais bonitinha, muitas vezes até muda o que vai acontecer, mas a ideia mesmo permanece a mesma, só muda o jeito.

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